Resenha do 24º livro do ano: A arte cavalheiresca do arqueiro zen
O livro “A arte cavalheiresca do arqueiro zen” conta a experiência de um ocidental ao se chocar com toda a espiritualidade oriental representada no livro pelo zen budismo. O alemão Eugen Herrigel, viveu no Japão durante seis anos lecionando filosofia na Tohoku Imperial University. Ele tinha muito interesse pela arte milenar do uso de arco e flecha e por isso procurou o mestre Kenzô Awa para lhe orientar, levando também sua esposa nesta experiência, onde ela pode estudar arranjos florais. A trajetória de Herrigel no aprendizado do arco e flecha passa por diversas fases de contemplação, total falta de compreensão, desistência, retomada e finalmente entendimento da prática do arco e flecha como uma maneira de meditação que leva à uma compreensão mais direta e não especulativa da realidade. O principal atrativo da história é a maneira como as duas visões de mundo, a ocidental e a oriental entram em choque por diversas vezes. Herrigel, um filósofo ocidental típico na sua tentativa de explicar o arco e flecha demora a entender que no arqueiro zen há uma diferença daquele arqueiro visto em jogos olímpicos, porque seu objetivo não é necessariamente atingir o alvo mas sim fazer com que o arco e a flecha se tornem inconscientemente uma extensão do braço do arqueiro, fazendo com que os movimentos sejam naturais. Através dessa história curta porém impactante, “A arte cavalheiresca do arqueiro zen”, apresenta a rica prática do zen budismo para ocidentais e incentiva os leitores mais interessados à percorrerem na prática os caminhos traçados pelo autor.