Resenha: Eric Clapton a autobiografia
Tem tantas partes desse livro que eu gostaria de contar para vocês, que eu nem sei por onde começar e na verdade não vou fazer isso para não acabar com a leitura de quem ainda pretende lê-lo. Eric Clapton a Autobiografia é um livro muito forte, que mostra toda a dor da vida desse astro do blues e rock. Logo no início do livro vemos como sua juventude foi difícil, principalmente, após descobrir que Pat quem ele pensou ser sua irmã mais velha, na verdade era sua mãe e quem ele pensava serem seus pais, eram seus avós. Pat teve um romance com um soldado canadense durante a Segunda Guerra e acabou ficando grávida aos 16 anos, o soldado foi embora, deixando-a pra trás e assim nasceu Eric Clapton, como aquela época era muito conservadora, Pat deixou Eric para aos avós criarem e se casou com outro homem e foi embora para Alemanha. Eric deixa claro no livro que sempre se sentiu rejeitado pela mãe, e talvez venha daí o começo difícil que teve em se relacionar com mulheres e tantos romances conturbados. Clapton nos conta como conseguiu a primeira guitarra e pensava que jamais conseguiria realmente aprender a tocar aquilo, afinal, era muito difícil. Como montou sua primeira banda The Yardbirds, a decepção dele ao perceber que os demais membros queriam na verdade algo parecido com os Beatles, e Clapton não queria tocar por dinheiro, ele queria fazer música simplesmente porque amava música. Apesar de o livro ser mais voltado pelas passagens com mais baixos do que autos da vida do cantor, ele também mostra o quanto Eric Clapton é apaixonado por música, não me lembro de ter lido uma página sequer sem ele ter citado algum músico, banda ou música que ele estava ouvindo no momento ou tentando se inspirar. Após sair do The Yardbirds, Clapton fez parcerias incríveis com B.B. King, Beatles e também participou de bandas como Cream, e ao se aproximar dos Beatles ele consequentemente se tornou amigo de George Harrison e se apaixonou pela esposa do amigo, Pattie Boyd. Essa paixão durou anos e a famosa e linda canção Layla foi toda inspirada em Pattie.
… uma tentativa consciente de falar com Pattie sobre o fato de que ela estava resistindo e não viria ficar comigo.
Tem um capítulo do livro chamado “Anos Perdidos” onde ele se dedica a contar como foram seus anos viciado em drogas como cocaína, heroína e álcool. Ele chegou a pensar em suicídio várias vezes, mas, por incrível que pareça, ele tinha medo de fazê-lo, pois não poderia mais beber depois de morto e também foi internado duas vezes para tentar largar o vício. O que mais me chamou atenção, é que em nenhum momento Clapton tenta se fazer de vítima. Ele o tempo todo mostra como tinha atitudes absurdas, tanto relacionado a drogas, como com amigo fazendo brincadeiras de extremo mal gosto, mas como sempre estava chapado, não via a gravidade de seus atos e também como era péssimo em seus relacionamentos amorosos. Apesar de o capítulo que fala sobre as drogas ser bem forte, nenhum é tão doloroso como o qual ele dedica ao seu filho Connor. O menino foi fruto de um romance com a atriz italiana Lory Del Santo, Connor morreu aos quatro anos de idade, após, cair do 49º andar do apartamento onde morava com a mãe. O que a gente podia esperar depois de um acontecimento tão trágico? Que Clapton voltasse ao mundo das drogas, certo? Porém, ele usou seu luto e se manteve sóbrio em memoria do filho. Uma infância pobre, uma mãe que o deixou para trás, relacionamentos conturbados, vícios em drogas e bebidas, a morte de um filho, tudo isso e muito mais fez parte da vida do mito Eric Clapton. O livro é um relato dolorido e cheio de sentimentos de toda a trajetória difícil do cantor que teve seu nome grafado em muros de Londres como Clapton is God.