Resenha: Os irmãos Sisters
O livro Os irmãos Sisters é um faroeste que se passa em 1850, época em que houve uma grande migração do povo estado unidense saindo do norte do país para o oeste, buscando melhores condições de vida e ouro. É nesse cenário que conhecemos os irmãos Eli Sister e Charlie Sister. Desde pequenos eles não se desgrudam, principalmente depois de um “acidente” provocado pelo pai agressivo que eles tinham. Os dois crescem e resolvem trabalhar juntos, em uma profissão nada legal, eles são assassinos profissionais. Os irmãos Sisters são contratados pelo rico e poderoso Comodoro para irem atrás de Morris – que também trabalha para Comodoro – e para matar Warn, que se encontra junto com Morris. Mas nessa longa jornada que começa em Oregon e vai até a Califórnia muita coisa acontece e assim a gente começa a entender mais sobre a vida e personalidade dos irmãos. Charlie é rude, egoísta, ambicioso e encara seu trabalho de assassino profissional de forma bem natural e racional. Já Eli é mais ingênuo e sonhador, e é através da voz dele que a gente embarca na narrativa do livro. Apesar de Eli ser um assassino profissional, não tem como não se encantar e torcer por ele. Em muitos momentos ele se mostra um homem doce e de bom coração, pode-se dizer que ele é o oposto do que se espera de um assassino, sempre com pensamentos de justiça, não gosta de matar inocentes, pra ele os assassinatos funcionam mais como uma forma pra descontar suas raivas e frustrações, e mesmo se sentindo menosprezado pelo irmão, Eli não consegue abandona-lo e segue com ele ate o fim do serviço. Algo muito interessante no livro é que conforme eles vão viajando e tantas coisas inesperadas vão acontecendo, é possível ver o amadurecimento de ambos e como eles vão ficando cada dia mais próximos, mesmo após Eli decidir que aquele seria seu último serviço como assassino de aluguel e Charlie querer continuar na profissão. Uma coisa que era novidade na época e que aparece várias vezes no livro é a escova de dente. Eli precisa ir a um dentista para extrair um dente podre, e o dentista resolve presenteá-lo com uma escova e o pó aromatizador de menta, é bem legal ver como é a sensação de alguém que escova o dente pela primeira vez e como Eli fica entusiasmado com a possibilidade de nunca mais ter dentes podres. Mas não é só dos dois irmãos que se faz a história, desde um castor, passando por cavalos, donos de estabelecimentos e prostitutas, todos os personagens são bem construídos, alguns a gente pega nojo logo de cara com outros a gente se encanta, por exemplo, o cavalo Tub, que no começo Eli acha que fez um péssimo negocio ao cavalgar aquele animal – na verdade fez mesmo haha – mas que no decorrer da história Eli acaba se encantando por ele, assim como nós também. Patrick deWitt consegue colocar humor na medida certa na obra, sem ser exagerado e escrachado. Com ótimos diálogos, muitas mortes e mudanças repentinas no rumo da história que deixa a gente com mais vontade ainda de descobrir o que vai acontecer nas próximas páginas. Por ser um livro que mergulha no Velho Oeste e que tem como personagens principais dois assassinos profissionais, vem à mente muita violência e morte, mas não é bem assim, é claro que tem umas mortes, algumas bem macabras, no entanto, o autor Patrick deWitt mergulha mais nas relações humanas e na ambição dos homens. Que a gente não deve escolher um livro pela a capa, todo mundo sabe, mas devo confessar que um dos principais motivos de eu ter escolhido Os irmãos Sisters para ler, foi a capa linda e que tem tudo a ver com a história do livro. O livro é ótimo para quem gosta de ler sobre a história dos Estados Unidos, mostrando o período de migração para a Califórnia em busca de riquezas, um período de grande importância para a economia do país e também mostra como foi um período sem leis, onde até civis e índios eram assassinados por causa da ganancia dos homens. Recomendo!