Resenha: V de vingança
Quando o filme “V de vingança” foi lançado em 2005, os quadrinhos que deram origem ao longa já eram um sucesso à um bom tempo, para ser mais exato desde 1982. No filme e nos quadrinhos “V de vingança” conta a história de um futuro distópico digno de George Orwell ou Aldous Huxley. A história se passa na cidade de Londres logo após uma guerra nuclear, que entre outras coisas, devastou a Europa. Se alimentando do choque sofrido pelo povo inglês durante a guerra o partido político Chama Nórdica sobe ao poder criando um regime fascista e de vigilância de todos os cidadãos. O regime político da Inglaterra em “V de vingança” promove campos de concentração, extermínio de minorias, monitoramento ininterrupto dos indivíduos, censura, uma polícia secreta com excesso de poder e culto à figura do líder supremo e chefe de Estado. Nesse contexto surge o personagem V, um anti-herói que usa a máscara de Guy Fawkes, um inglês que séculos antes planejou explodir o parlamento. Logo no começo da história V conhece Evey, uma menina adolescente desesperada que pensa em se prostituir para ganhar a vida, logo na primeira noite em que sai para as ruas Evey acaba sendo abordada por “homens dedo”, a polícia secreta do governo. Os homens dedo ameaçam estuprá-la e prendê-la, no entanto nesse momento V intervem e salva Evey e mata os homens dedo. Durante a história V e Evey acabam se encontrando e desencontrando algumas vezes e V parece tratá-la como uma aprendiz desde o primeiro contato. A história começa a desenrolar após V promover um atentado as casas do parlamento no dia 5 de Novembro e logo depois tomar a transmissão de TV para anunciar seus planos de derrubada do Estado em um ano. O atentado enfraquece a imagem de inabalável do Estado que passa à considerar V como a ameça número um à sua sobrevivência. Durante esse ano que antecede a data prevista por V para a derrubada do Estado, a história conta o passado do anti-herói e mostra como ele se relaciona com Evey, que durante um tempo passa à viver com ele em seu esconderijo. Aliás, um dos melhores capítulos da história ocorre quando Evey é levada à um campo de concentração e intimada à denunciar a verdadeira identidade de V. Se você viu essa cena no filme e já achou boa, recomendo que você leia a HQ pois o texto é excepcional e mostra a humanidade da personagem de uma forma realmente cativante. A narrativa de Alan Moore é brilhante e os capítulos se passam naturalmente recheados de conflitos que mostram como todos os personagens são frutos da sociedade apodrecida em que vivem. De forma diferente do que ocorre no filme, na HQ a palavra anarquia aparece diversas vezes, assim como a palavra fascismo marcando o conflito ideológica entre V e o chanceler líder supremo. V chega à mencionar, por exemplo, que a anarquia possui duas faces, a da destruição e a da criação. Por fim, sem entrar em grandes detalhes sobre o enredo é possível garantir que V de vingança é uma literatura de alto nível e um clássico dos quadrinhos. A edição completa que lí, lançada pela Panini em 2012, conta diversos fatos interessantes, sobre como o personagem foi concebido por Alan Moore e David Lloyd. Lloyd aliás é um dos responsáveis pelo grande sucesso do personagem V pois deu à ele a imagem icônica que ele possui. Felizmente não é difícil encontrar essa edição à venda em livrarias. V de vingança é uma história necessária enquanto ameaças à liberdade existirem fora da ficção e eu recomendo que você, se ainda não a leu, leia assim que puder e então me conta como essa história impactou em sua vida. Beijos!